2023-05-19
Centro de Acessos Vasculares
A condição sine qua non para a realização de hemodiálise (HD) crónica é a existência de uma estratégia que permita um acesso seguro e reiterado à circulação sanguínea do doente, permitindo um adequado fluxo de sangue no circuito extracorporal de HD.
A invenção, em 1960, por Scribner, do shunt arterio-venoso (AV) que tem o seu nome, constituiu a grande revolução que permitiu o início do primeiro programa de HD crónica da história da Nefrologia, nesse mesmo ano, em Seattle (EUA). Posteriormente, em 1965, Brescia-Cimino, criaram a primeira fístula AV autóloga, que constitui, atualmente, o acesso vascular de eleição para HD.
Hoje, como então, a criação do acesso vascular e a manutenção da sua funcionalidade permanecem o "calcanhar de Aquiles" dos doentes em HD.
O Centro de Acessos Vasculares da SANFIL (CAV) foi criado em Maio de 2013, fruto da necessidade clínica, por um grupo de nefrologistas e cirurgiões vasculares com interesse nesta área, com o apoio logístico e de organização do então grupo SANFIL-Medicina (atualmente Sanfil – Global Health Company). Atualmente, é o CAV de referencia de 4 centros de HD, representando cerca de 400 doentes em tratamento.
A sua missão é o estabelecimento, em articulação com as unidades de HD, de uma estratégia de acesso vascular individualizada para cada doente, que permita a criação e manutenção de um acesso vascular AV (fístula ou prótese); procura-se preservar o capital vascular dos doentes, minimizar a prevalência de cateteres venosos centrais e reduzir os riscos de morbilidade e mortalidade associados ao acesso vascular.
Oferece a vantagem adicional de disponibilizar uma abordagem compreensiva e integrada do acesso vascular, evitando o cuidado fragmentado, e acelerando a identificação e correção de patologia do acesso vascular, tentando prevenir eventos trombóticos e prolongar a sua vida útil.
O CAV desenvolve a sua atividade em 3 vertentes: consulta de acessos vasculares, angiografia/intervenção endovascular percutânea e cirurgia vascular.
Na consulta de acessos vasculares é feita a avaliação inicial da maioria das situações, permitindo quer a identificação do melhor local para a construção de acesso vascular AV, quer a avaliação de situações problemáticas em acessos vasculares já existentes, definindo qual a melhor estratégia para a sua correção, com a referenciação para angiografia ou para cirurgia vascular, consoante o mais apropriado.
Em 2022 o CAV realizou 311 consultas de acessos, 141 angiografias (incluindo 69 trombectomias percutâneas de fístulas e próteses) e 105 cirurgias.
Os anos vindouros, com o crescimento da Nefrovida na área da HD e com o previsível crescimento do número de doentes referenciados para o nosso CAV, adivinham-se atarefados; é nossa ambição procurar continuar a melhorar os padrões de qualidade e de rapidez das nossas intervenções, assegurando o melhor acesso vascular possível para cada doente em HD a nosso cargo.
Nuno Afonso Oliveira
Diretor Clínico - Nefrovida Leiria
Assistente Hospitalar Graduado - Centro Hospitalar e Universitário Coimbra